A presença de moradores de rua nas vias próximas aos albergues incomoda os vizinhos. “No domingo, passava por aqui quando um rapaz começou a mexer comigo. Fui embora rapidamente. Não posso negar que dá medo ver essas pessoas todas reunidas”, afirma a babá Vanessa Edissa, 27 anos, que atravessa todos os dias o Viaduto Pedroso, na Bela Vista, região central.
Para o administrador hospitalar Adaílton Roberto Tavares, de 28 anos, a falta de vaga nos albergues municipais é evidente, quando se vê a quantidade de pessoas nas ruas. “Difícil imaginar que a maioria rejeite uma cama quente e alimentação. A situação deles incomoda e é incompreensível que vivam assim.”
A maranhense Maria Consuelo Rego, de 45 anos, chegou há 30 a São Paulo e lembra que a maioria das pessoas que vive nas ruas não teve as mesmas oportunidades que ela, hoje bem empregada como recepcionista. “Não são pessoas ruins. Elas vieram para São Paulo em busca de melhoria, porque havia essa chance. Não conseguiram se acertar e agora estão nessa situação. Deveriam ser preparadas para o mercado de trabalho”, diz.
No guia Brás, quem mora nas proximidades do número 3.300 da Avenida Celso Garcia vive perto de duas unidades do albergue São Camilo. “Eles dormem em pontos de ônibus e as calçadas amanhecem cheias de fezes. É desagradável”, afirma a comerciante Ana Lúcia, de 24 anos.
Para moradores e comerciantes de regiões próximas a albergues, nem todos os moradores de rua se sujeitam às regras das instituições, que proíbem consumo de bebidas alcoólicas e drogas e exigem o banho diário. Por isso, muitos preferem ficar na rua.
Fonte: O Estado de S. Paulo