Camelôs concentrados na Rua Oriente, no guia do bairro Brás, no Centro de São Paulo, iniciaram por volta das 7h10 desta sexta-feira (28) um novo protesto. No horário, eles ocupavam apenas uma faixa da via. A manifestação era acompanhada pela Polícia Militar. Antes, a PM chegou a usar bomba de efeito moral para conter os manifestantes. Este é o quarto dia de protestos promovidos pelos ambulantes, que foram proibidos de montar suas barracas durante a madrugada nas ruas do bairro desde segunda-feira (24) e querem voltar a poder trabalhar.
Durante a passagem da manifestação, os camelôs gritavam pelo fechamento das lojas. Os comerciantes, por sua vez, baixavam as portas com a proximidade do protesto. Na Rua João Teodoro, eles tomaram uma sacola com roupas de um vendedor e distruíram as peças. No Largo da Concórdia, os camelôs se sentaram no chão, no meio da rua, em protesto contra uma loja que não cedeu aos apelos e continuou funcionando.
Pouco antes das 9h houve um tumulto na Rua Xavantes. Um dos manifestantes começou a atirar objetos dentro de uma loja que estava aberta. Os policiais tentaram prendê-lo e houve correria. Segundo o major Wanderley Barbosa Filho, que comanda a operação no Brás nesta manhã, três pessoas foram detidas por incitar o fechamento das lojas e por agressões verbais aos policiais. Dois dos detidos não são camelôs.
“A manifestação pacífica e ordeira é permitida. Alguém se exaltou e não é dos manifestantes. Ao longo da caminhada, algumas pessoas aderem ao protesto e são essas que se alteram”, explicou o major. Segundo ele, um grupo da inteligência da PM acompanha os protestos.
Durante a madrugada, não houve manifestações, como ocorreu nos três últimos dias. Cerca de 400 policiais ficaram de plantão no local. A cavalaria e a Tropa de Choque da PM ocupam as ruas do Brás. A Feira da Madrugada funcionava normalmente nesta manhã.
Nesta quinta-feira (27), a PM qualificou 15 pessoas por “obstrução ao trabalho”. O boletim de ocorrência registrado peloa própria PM será encaminhado à Polícia Civil para a abertura de inquérito. Ninguém foi detido.
Até as 9h desta sexta, a Associação dos Lojistas do Brás (Alobrás) ainda não tinha estimado o prejuízo causado pelos protestos no bairro. A entidade afirmou apenas que o período entre o final do mês de outubro e o início de dezembro é justamente o de maior venda para os lojistas, quando comerciantes de outros estados compram no Brás para abastecer os seus estoques para o Natal. “A Alobrás espera uma solução amigável e rápida entre a Prefeitura e os manifestantes para que o comércio do Brás possa voltar a normalidade”, diz a associação em nota.
Protestos
Os camelôs protestam desde a noite de segunda-feira contra a ação da Polícia Militar, que passou a impedir a montagem das barracas durante a madrugada nas ruas do bairro. Eles pedem à Prefeitura que possam continuar trabalhando até o fim do ano entre 2h e 6h30, apenas nas calçadas, e que no início de 2012 seja feita uma nova negociação para sua retirada. O prefeito Gilberto Kassab, entretanto, afirmou que vai manter as fiscalizações e que não permitirá o comércio ilegal na região.
A presença da polícia ocorre para garantir que os manifestantes não voltem a bloquear a área e para que os comerciantes legalizados possam trabalhar normalmente. Nos últimos dias, lojistas foram obrigados a manter suas portas abaixadas durante a manhã e houve conflitos com a polícia.
Nesta quarta-feira (26), policiais usaram bombas de gás e balas de borracha em duas ocasiões para dispersar os manifestantes, quando os camelôs bloquearam totalmente vias de trânsito.
Fonte: G1