Comércio no Brás é normal; sindicato diz que protestos continuam ‎

O comércio nas ruas do guia do bairro Brás, no centro de São Paulo, funciona normalmente depois que cerca de 300 camelôs entraram em confronto com a PM por volta da 0h desta segunda-feira, após serem impedidos de montar barracas no entorno da Feira da Madrugada.

Durante o protesto, os ambulantes teriam mandado passageiros saírem e colocado fogo em um ônibus e um carro na rua Barão de Ladário. Segundo a PM, os manifestantes também soltaram rojões e atiraram pedras contra os militares e as viaturas. Para conter os manifestantes, a polícia disparou tiros de balas de borracha.

Segundo o presidente do sindicato do camelôs, Leandro Dantas, os protestos continuarão.

“Pelo que eu conheço eles não vão desistir não. Eles trabalharam o ano inteiro e agora não têm para onde ir, não conseguem pagar aluguéis dos bolsões, que custa de R$ 500 a R$ 1.000 por semana, por isso não vão parar”, disse.

Dantas diz que os protestos aconteceram devido à falta de acordo com a prefeitura.

“Os camelôs só querem trabalhar neste último mês do ano. O negócio ficou fora de controle porque entendemos que não há interesse por parte da prefeitura em negociar. Aí a coisa fica a deus-dará e o pessoal faz cada um o que quiser”, disse.

A PM diz que cinco pessoas foram detidas e levadas para o 8º Distrito Policial Brás-Belém, sob suspeita de ter incendiado os veículos e soltado rojões contra os policiais.

“Foram detidos somente aqueles diretamente envolvidos nas depredações”, segundo o major Wagner Rodrigues, responsável pela operação.

Já policiais do 8º DP dizem que não terem recebido detidos. Segundo a versão da Polícia Civil, foi feita uma ocorrência de depredação e registradas as queixas de ao menos três vítimas.





Por volta das 2h, houve um incêndio em uma loja de roupas, mas o fogo foi controlado rapidamente por cinco equipes do Corpo de Bombeiros. Não há informações de feridos. A PM suspeita que o incêndio na loja foi provocado pelos manifestantes.

“Isso tem que ser apurado pra ver se foi de fato camelô que fez. A orientação é não depredar nada, não queimar nada”, disse Dantas.

Policiais militares mantém toda a região cercada para impedir que os camelôs voltem a vender produtos nos arredores da feira e evitar novos tumultos.

Protestos

Os camelôs protestam desde o dia 25 de outubro contra uma operação de fiscalização da prefeitura, que impede que ambulantes ilegais montem suas barracas nos arredores da Feira da Madrugada.

Nos primeiros dias de protestos houve confronto entre os camelôs e policiais militares. Os manifestantes também impediram que comerciantes locais abrissem suas lojas. Houve registro de depredações e tentativas de saques. Alguns manifestantes foram detidos após atacarem policiais e lojistas.

Os camelôs pedem à prefeitura que os deixe vender na rua até o fim do ano. A prefeitura diz que não há essa possibilidade e que a operação vai continuar.

O objetivo é manter trabalhando só os 2.949 ambulantes com boxes legalizados dentro do Pátio do Pari, área do governo federal onde funciona a Feira da Madrugada.

O pátio é administrado desde novembro de 2010 pela prefeitura, mas há disputa de grupos sindicais e políticos pelo controle do local. No período, foram assassinados um dos líderes dos camelôs, Afonso José da Silva, 41, o Afonso Camelô, em dezembro, e o empresário Geraldo de Souza Amorim, 61, ex-administrador do local, em setembro.

A gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) quer fazer na área da feira um projeto estimado em R$ 400 milhões que inclui, além de um shopping popular, um hotel, duas torres comerciais, estacionamentos para carros e ônibus de sacoleiros e casas populare.

Fonte: Correio do Estado