Decidido: trens só vão mesmo até o Brás

Acabou o mistério. Um mês após conclusão das obras de modernização na via férrea da Estação Luz, na região central de SP, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos finalmente confirmou que a Estação Brás continuará a ser o destino final da Linha 10-Turquesa, que parte de Rio Grande da Serra. Com isso, continua a necessidade de baldeação entre as duas estações por meio da Linha 11-Coral.

O novo modelo operacional da Linha 10 foi adotado após conclusão de pesquisa realizada por amostragem com cerca de 403 mil pessoas, segundo a CPTM. O estudo indicou que 55,7% dos usuários avaliam como ótimo e bom o serviço prestado na Linha Turquesa. Outro motivo indicado pela companhia para a mudança é o significativo crescimento da demanda de usuários na Estação Luz, por onde circulam 465 mil passageiros por dia, com a entrada em operação da Linha 4-Amarela do Metrô. Foi ressaltado ainda o fato de a estação centenária ser patrimônio histórico da cidade e, por isso, haver restrições para intervir em sua arquitetura original.

Na Estação Brás, a Linha 10 passou a dispor de duas plataformas: uma para o embarque e outra para o desembarque, e os intervalos entre os trens foram reduzidos para cinco minutos, de acordo com a CPTM. A equipe do Diário percorreu o trajeto da Estação Prefeito Celso Daniel, em Santo André, até a Estação Luz em 45 minutos, sendo que a baldeação entre as duas estações via Expresso Leste demorou dez minutos. Apesar de a mudança ser definitiva, todas as placas de embarque indicam que a linha tem como destino final a Estação Luz.

INSATISFAÇÃO





A mudança afeta parte dos 366 mil passageiros que utilizam a linha diariamente, aqueles que precisam seguir rumo à Luz. A opção, nesse caso, é utilizar, além dos trens do Expresso Leste, na Estação Brás, a transferência gratuita para a Linha 3-Vermelha do Metrô. A principal reclamação dos usuários é em relação ao transtorno de precisar trocar de plataforma para embarcar em meio ao empurra-empurra na composição do Expresso Leste que, na maioria das vezes, está cheia, já que traz passageiros da Estação Estudantes, em Mogi das Cruzes.

Além disso, os passageiros consideram desrespeitoso o fato de a CPTM ter informado inicialmente que esta situação só seria mantida enquanto durassem as obras na Estação Luz. “Isso foi enganoso”, considera o especialista em recuperação de crédito Luís Marcelino, 41 anos. Segundo ele, que mora em Santo André e trabalha na Rua Libero Badaró, é mais rápido e causa menos transtorno acessar a Linha Vermelha do Metrô e ir até a Estação Sé para embarcar na Linha Azul do Metrô do que utilizar o Expresso Leste.

A assessora jurídica Elaine Aparecida de Queiróz, 30, também prefere utilizar o metrô para chegar até seu trabalho, no Anhangabaú. O novo percurso – pela Linha Vermelha do Metrô até a Estação Sé, onde embarca na Linha Azul – faz com que o trajeto diário fique 20 minutos mais demorado.

Para quem faz o sentido inverso – mora na Capital e estuda ou trabalha na região – também há transtornos. O presidente do diretório acadêmico Sigma da Universidade Federal do ABC na cidade de São Bernardo, Johnny Seron Bispo, é um dos estudantes que protestam contra a medida. “O tempo de viagem aumentou em até 20 minutos,, sem falar do desconforto, porque utilizamos a linha nos horários de pico.”,

Fonte: Diário do Grande ABC