O ano começa e as denúncias continuam na Feirinha da Madrugada, em no bairro do Brás, um dos maiores camelódromos do país. Um homem ouvido pelo Jornal da Record diz que era responsável pelo recolhimento de propina até pouco tempo.
Ele cobrava uma taxa semanal de R$ 250 dos lojistas. Só com esse pagamento, o condomínio arrecada quatro milhões de reais por mês em dinheiro vivo.
O Ministério Público de São Paulo essa e outras denúncias de irregularidades no centro de compras, no bairro do Brás. O chinês Mário Ye foi um dos comerciantes que prestou o depoimento aos promotores e relatou ser vítima de um esquema de propina na Feirinha da Madrugada.
Há cerca de seis meses, o centro de compras foi lacrado e, apesar de ter sido fiscalizado, os comércios que pertencem a Ye, segundo ele, não puderam abrir novamente as portas.
Um lojista, que também não quis ser identificado, explicou que quem não paga propina perde o direito de trabalhar. Segundo ele, o comerciante Ye não reabriu seu negócio, porque, “provavelmente, pediram dinheiro pra ele e ele tá se negando a pagar”.
A prefeitura alega que o chinês não tem licença para comercializar mercadorias na Feirinha da Madrugada, mas o advogado dele, Hosen Azambuja, rebate a acusação.
– Nenhum dos 4.600 lojistas, nem bombeiros, nem posto de saúde, nem o prédio da administração tem licença de funcionamento”.
Patrimônio histórico
A área onde está o centro de compras é patrimônio histórico de São Paulo. O terreno, de 100 mil m², pertence ao governo federal e é tombado. No século passado, o local onde está o centro de compras era a sede de uma das primeiras estradas de ferro do Brasil.
Há nove anos, os ambulantes dominaram o terreno. Já existem 5.000 boxes e mais cem estão sendo erguidos. O condomínio que administra a feira não respeitou uma resolução do Diário Oficial, de 12 de outubro do ano passado, que deixa claro que ninguém pode derrubar nem construir nada no terreno.
As imagens, feitas com uma câmera escondida, mostram obras, bem adiantadas, no terreno da feira. De acordo com um comerciante que não quis se identificar, os novos boxes custam de R$ 150 mil a R$ 300 mil. Todo o dinheiro arrecadado com o aluguel e venda dessas novas lojas é livre de impostos e vai para o grupo que toma conta da feira.
Em 2010, a Secretaria de Patrimônio da União transferiu a guarda do terreno para Prefeitura de São Paulo.
Fonte: R7