Vendas na Feira da Madrugada caem mais de 50%, reclamam comerciantes do Brás

Comerciantes que têm barracas regulares na Feira da Madrugada, que funciona dentro do Pátio do Pari, na região guia do Brás, Centro de São Paulo, reclamam da queda no movimento de compradores com as manifestações de camelôs que ocorrem pelas ruas do bairro desde a noite de segunda-feira (24). Nesta sexta (28), os manifestantes voltaram a fazer passeatas pela região pedindo que voltem a poder montar suas barracas nas ruas do bairro e obrigando lojistas a baixarem suas portas. Por volta das 12h, os camelôs decidiram suspender os protestos desta sexta. Eles afirmam que vão retomar as manifestações na madrugada de sábado (29).

O Pátio do Pari abriga ambulantes regularizados pela Prefeitura. Por lá, o movimento é mais forte durante a madrugada e o início da manhã. Donos de boxes que ficam próximos à entrada principal, na Rua Monsenhor de Andrade, principalmente, reclamam da queda do movimento e dizem que ela passa de 50%. “Está vazio se comparado com essa época do ano. Era para estar lotado. Mas as pessoas têm medo. De vez em quando tem que fechar as portas para o pessoal da manifestação não entrar”, disse o vendedor Carlos Silva. “O preço já é tão baixo que colocar promoção para tentar atrair o pessoal não vale a pena.”

Outra vendedora contou que o movimento em sua barraca caiu 80%. “Parou tudo, acabou. Tem menos ônibus, não estamos vendendo quase nada. Fica todo mundo com medo de vir para cá”, disse Jéssica de Oliveira.

Os vendedores temem principalmente o impacto que as manifestações possam ter nas vendas da próxima madrugada, entre esta sexta e sábado (29), dia da semana com maior movimento, principalmente de famílias e pessoas vindas de cidades da Grande São Paulo. “Mesmo que acabe hoje, o pessoal ainda vai ficar com medo de vir. Já ficamos um tempo com a feira fechada e agora isso. Estamos perdendo muito dinheiro”, disse o vendedor Fábio Conselheiro.





Protestos
Durante a passeata desta sexta, na Rua João Teodoro, os camelôs tomaram uma sacola com roupas de um vendedor e distribuíram as peças. No Largo da Concórdia, os ambulantes se sentaram no chão, no meio da rua, em protesto contra uma loja que não cedeu aos apelos e continuou funcionando.

Pouco antes das 9h houve um tumulto na Rua Xavantes. Um dos manifestantes começou a atirar objetos dentro de uma loja que estava aberta. Os policiais tentaram prendê-lo e houve correria. Segundo o major Wanderley Barbosa Filho, que comanda a operação no Brás nesta manhã, seis pessoas foram detidas por incitar o fechamento das lojas e por agressões verbais aos policiais. Os líderes do movimento informaram à PM que nenhum dos detidos é camelô.

“A manifestação pacífica e ordeira é permitida. Alguém se exaltou e não é dos manifestantes. Ao longo da caminhada, algumas pessoas aderem ao protesto e são essas que se alteram”, explicou o major. Segundo ele, um grupo da inteligência da PM acompanha os protestos – 650 policiais, incluindo a Tropa de Choque, estavam no bairro nesta manhã.

Até a manhã desta sexta a Associação dos Lojistas do Brás (Alobrás) ainda não tinha estimado o prejuízo causado pelos protestos no bairro. A entidade afirmou apenas que o período entre o final do mês de outubro e o início de dezembro é justamente o de maior venda para os lojistas, quando comerciantes de outros estados compram no Brás para abastecer os seus estoques para o Natal. “A Alobrás espera uma solução amigável e rápida entre a Prefeitura e os manifestantes para que o comércio do Brás possa voltar a normalidade”, diz a associação em nota..

Fonte: G1