Camelôs do Brás são alojados em galpões

Quase dois meses depois do confronto entre a Tropa de Choque da PM e cerca de 300 camelôs excluídos do entorno da Feirinha da Madrugada, no bairro Brás, o comércio naquela região voltou ao normal.

Parte dos três mil camelôs irregulares foi acomodada em galpões vazios das redondezas, mediante pagamento de aluguel aos proprietários dos imóveis. Esses comerciantes e parte dos consumidores, entretanto, não estão felizes  com a solução.

“Sem os camelôs no entorno,  a feirinha perdeu a graça”, disse a sacoleira Eneida Silva, que vem do Rio de Janeiro uma vez por semana para abastecer sua loja. “Antes tinha mais variedade e mais segurança nas ruas da região, que ficaram vazias.”

Entre os comerciantes, a queixa também é geral. “Eu não tenho licença para montar minha barraca aqui à noite”, disse a camelô Maria José Souza, que vende roupas na Rua Monsenhor Andrade, na porta da feirinha. “Agora só posso trabalhar de dia, quando o movimento é muito inferior.”





Nas ruas em volta, abrigados em galpões, os camelôs tirados das ruas também reclamam. “Eu perdi toda a  minha freguesia”, afirmou Luciana Costa, agora instalada numa banca na Rua da Juta, pela qual paga R$ 150 de aluguel. “Ninguém vem aqui e a única venda grande que consegui fazer no mês foi essa de hoje, de R$ 1 mil.”

Perto dali, na Rua do Gasômetro, outra parte dos três mil excluídos foi acomodada. Eles pagam R$ 600 pelo aluguel do box, numa área onde antes funcionava a fábrica de aveia Ferla.

“Estou há dois dias sem vender nada”, disse Joanita Santos, que trabalha com calçados. “Não sei se é pela localização, que é ruim, ou se é pelo mês de janeiro, normalmente fraco.”

Apesar de descontentes, os ambulantes ouvidos não pretendem fazer novos protestos, como aqueles de novembro. Naquela ocasião, cerca de 300 camelôs que tentaram armar seus tabuleiros nas ruas da região foram reprimidos pela Tropa de Choque da PM com o uso de balas de borracha.

Um ônibus e uma loja de roupas infantis foram incendiados. Ao todo, seis manifestantes acabaram detidos. Segundo a PM, agora tudo está calmo.

Fonte: Diário do Grande ABC